Resistir todos os dias n'<i>A Brasileira</i>

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Os tra­ba­lha­dores do café «A Bra­si­leira do Chiado», ex-lí­bris pa­tri­mo­nial da ci­dade de Lisboa, cons­tante em todos os ro­teiros tu­rís­ticos, con­ti­nuam a ser ví­timas da «tei­mosia in­com­pre­en­sível da ge­rência», mo­tivo que os levou a cum­prirem um dia de greve, com vi­gília de duas horas e meia, na pas­sada sexta-feira.

Para exigir res­peito pelos seus di­reitos e pela sua dig­ni­dade, en­quanto tra­ba­lha­dores que apenas au­ferem o sa­lário mí­nimo na­ci­onal, sen­si­bi­li­zaram a opi­nião pú­blica e os cli­entes para a si­tu­ação de «re­pressão, pressão psi­co­ló­gica, per­se­guição, in­ti­mi­dação» e in­cum­pri­mento do Con­trato Co­lec­tivo de Tra­balho (CCT), quo­ti­di­a­na­mente.

À porta do es­ta­be­le­ci­mento, dis­tri­buíram um do­cu­mento em por­tu­guês e in­glês onde é enun­ciada a si­tu­ação que se ar­rasta há dois anos e meio.

O di­ri­gente do Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores na In­dús­tria de Ho­te­laria, Tu­rismo, Res­tau­rantes e Si­mi­lares do Sul, e tra­ba­lhador no es­ta­be­le­ci­mento, Amauri Ro­dri­guez, lem­brou ao Avante! que a Au­to­ri­dade para as Con­di­ções do Tra­balho le­vantou vá­rios autos contra esta em­presa e vá­rios pro­cessos aguardam de­cisão ju­di­cial, mas «a re­pressão pa­tronal con­tinua a ocorrer todos os dias».

Numa reu­nião, em Março, a as­so­ci­ação pa­tronal, ARESP, tinha as­su­mido, junto dos re­pre­sen­tantes sin­di­cais, o com­pro­misso de so­lu­ci­onar o pro­blema, mas «não houve, até agora, qual­quer con­sequência», ex­plicou o re­pre­sen­tante sin­dical.

 

Ge­rência fora-da-lei

 

«Esta ge­rência não cumpre o CCT em vigor, no que res­peita a sa­lá­rios, folgas, ho­rá­rios, tra­balho su­ple­mentar, sub­sídio noc­turno, fe­ri­ados» e con­si­dera os dias de greve como faltas in­jus­ti­fi­cadas, acusou o sin­di­cato da CGTP-IN, num co­mu­ni­cado dis­tri­buído à im­prensa, du­rante a acção, onde é re­cla­mada a re­po­sição ime­diata da le­ga­li­dade.

Desde que os tra­ba­lha­dores se sin­di­ca­li­zaram e se or­ga­ni­zaram, acen­tuou-se a re­pressão pa­tronal através de com­por­ta­mentos «sem es­crú­pulos», re­cor­rendo a «formas de pressão psi­co­ló­gica, in­sultos, ofensas, pro­vo­ca­ções e pro­cessos dis­ci­pli­nares in­fun­dados».

Na As­sem­bleia da Re­pú­blica, o único par­tido que tomou po­sição em de­fesa dos tra­ba­lha­dores foi o PCP, «junto do Pro­vedor de Jus­tiça, da Pro­cu­ra­doria-Geral da Re­pú­blica, da Câ­mara Mu­ni­cipal de Lisboa e do Mi­nis­tério do Tra­balho», as­si­nala o sin­di­cato.

Tra­ba­lha­dores e sin­di­cato ga­rantem que «pros­se­guirão a luta até que as re­la­ções de tra­balho cor­res­pondam ao pres­tígio deste es­ta­be­le­ci­mento».



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